O SURGIMENTO DA TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE
Lição 1 - 1 de Janeiro de 2012
Leitura
Bíblica em Classe: Lucas 12.13-21
SURGIU COM OS
HEREGES ANTIGOS E CONTINUA COM OS MODERNOS
1. OS GANÂNCIOSOS
DESEJAM IR ALÉM DO QUE LHE CABE - Lucas 12.13 - E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a
meu irmão que reparta comigo a herança.
* A prosperidade gananciosa é contra
a palavra de Deus -
Mateus 6.19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo
consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
2. OS GANÂNCIOSOS NÃO ESTÃO NA
APROVAÇÃO DIVINA -
Lucas 12.14 - Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou
repartidor entre vós?
* Os insaciáveis em questão de
dinheiro servem a si mesmo - Isaías 56.11 E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são
pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um
para a sua ganância, cada um por sua parte.
3. OS COBIÇOSOS IGNORAM QUE A VIDA
DEPENDE DE DEUS -
Lucas 12.15 - E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a
vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.
* O deus de um homem é identificado
por aquilo que ele ama - Mateus 6.21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o
vosso coração.
4. OS COBIÇOSOS IGNORAM O VALOR DESTA
VIDA TERRENA - Lucas
12.16 - E propôs-lhe uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha
produzido com abundância.
* Quem não cuida do espírito e serve
o corpo e o mundo sofrerá juízo - Tiago 5.3 O vosso
ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra
vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias.
5. O AVARENTO ATRIBUI A SI O
MULTIPLICAR DOS LUCROS - Lucas 12.17 - E arrazoava ele entre si, dizendo: que farei? Não tenho
onde recolher os meus frutos.
* Esquecem o verdadeiro prazer que
está no Deus abençoador - Oséias 4.10 Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à luxúria,
mas não se multiplicarão; porque deixaram de atentar ao SENHOR.
6. O AVARENTO VÊ O HOJE E NÃO MEDITA
NA ETERNIDADE -
Lucas 12.18 - E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei
outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens.
* Cuidado com quem disputa grandes
espaços onde almas é fonte de renda - 2 Pedro 2.3 E por avareza farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença,
e a sua perdição não dormita.
7. O INSENSATO SE ESQUECE DO DOADOR
DE TODAS AS COISAS -
Lucas 12.19 - e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para
muitos anos; descansa, come, bebe e folga.
* Cuidado com quem disputa multidões
na ânsia de sustentar seus luxos – Ezequiel 34.2 Filho do homem, profetiza contra os pastores
de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores
apascentar as ovelhas?
8. O INSENSATO ESQUECE QUE A MORTE É
POSSÍVEL TODO O DIA
- Lucas 12.20 - Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e
o que tens preparado para quem será?
* A vida está nas mãos de Deus e Ele
não depende dos nossos planos - Provérbios 27.1 Não presumas do dia de amanhã, porque não
sabes o que ele trará.
9. O INSENSATO BUSCA O LUCRO E NÃO A
SEGURANÇA DA ALMA -
Lucas 12.21 - Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com
Deus.
* O juízo divino está reservado a
todos obstinados pelas riquezas - I Timóteo 6.9 Mas
os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.
Fonte: Pastor Adilson Guilhermel
Disponível em: http://www.pastorguilhermel.com.br
- Nos dias hodiernos, muita ênfase tem se dado à riqueza e à prosperidade, inclusive em muitos púlpitos evangélicos.
- A mensagem da cruz, da salvação e da santificação tem sido substituída pela pregação da “teologia da prosperidade”, movimento que surgiu nos Estados Unidos, alastrou-se pela América Latina e tem feito muitas igrejas abandonarem o genuíno Evangelho.
- Este movimento prega que o cristão não pode ser pobre e nem pode sofrer, mas a Palavra de Deus está repleta de exemplos de homens que padeceram dores, enfermidades e escassez.
- Muitos cristãos vivem em busca de riquezas materiais e se esquecem das riquezas espirituais que Deus nos oferece através de Jesus Cristo (Ef 1:3; 2:6; Tg 2:5).
- Portanto, faz-se necessário entendermos, à luz das Escrituras, o que é a “Verdadeira Prosperidade”.
- É o que vamos estudar ao longo deste 1º trimestre de 2012.
1. RAÍZES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
a. O pr. Caramuru Afonso Francisco, em
sua colaboração para a Escola Bíblica Dominical, sobre o Tema “A promessa da
Verdadeira Prosperidade”, informa assim sobre as raízes da Teologia da
Prosperidade:
i.
Sua origem.
1. A história da teologia da
prosperidade teve início com o norte-americano Phineas Parkhurst Quimby
(1802-1866), que nasceu em New Lebanon, no estado de New Hampshire.
2. Quimby era um relojoeiro e, a partir
de 1847, dedicou-se à cura de doenças por intermédio da mente.
3. Este curandeiro e hipnotizador negava
a existência da matéria, do sofrimento, do pecado, da enfermidade etc. Fundador
do Novo Pensamento, tornou-se conhecido como o guru da Ciência da Mente.
4. Suas ideias influenciaram a Mary
Baker Eddy que, em 1879, fundou a Igreja da Ciência Cristã.
5. Os promotores dos ideais de Quimby
procuram se passar por cristãos evangélicos, mas a Bíblia nos adverte com
relação a eles e seus assemelhados: “Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores” (Mt 7: 15).
6. Quimby dedicou-se ao estudo da “cura
espiritual”, estudo este iniciado com a prática da hipnose, que havia há pouco
sido introduzida nos Estados Unidos.
7. Depois de identificar, pela hipnose,
de que uma mente poderia influenciar outra, Quimby começa a elaborar o que
afirmava ser a “cura das doenças pela mente”.
8. Para Quimby, a “doença era um estado
desarranjado da mente” e, portanto, com a realização do “arranjo mental”,
ter-se-ia a cura.
9. Para Quimby, saúde é “… sabedoria
perfeita e o quanto um homem é sábio, assim é a sua saúde.
10. Como nenhum homem é perfeitamente
sábio, nenhum homem pode ter perfeita saúde, pois a ignorância é a doença,
embora não necessariamente acompanhada por dor…” (QUIMBY, P. Doença).
11. Percebemos, aqui, portanto, que a
ideia de Quimby era de que a saúde era vinculada ao estado espiritual da
pessoa.
12. Depois da morte de Quimby, Eddy diz
ter descoberto os fatos importantes relacionados com o espírito e com a
superioridade deste sobre a matéria, denominando de “ciência cristã” esta sua
descoberta, que deu origem à doutrina.
13. Em 1879, fundou a Igreja do Cristo
Cientista, da qual foi eleita presidenta, sendo, em 1881, eleita pastora.
14. Eddy apresentou diversas doutrinas
contrárias às Escrituras, de modo que sua “ciência cristã” não pode ser
reconhecida nem como ciência, vez que é refutada pelos cientistas, que a
consideram uma prática ocultista, nem como “cristã”, na medida em que não põe
Cristo no Seu legítimo lugar de único e suficiente Senhor e Salvador do mundo.
ii.
Principal idealizador da teologia da
prosperidade:
1. Essek W. Kenyon. Essek William
Kenyon, que se destacou nas décadas de 30 e 40, foi influenciado pela Ciência
da Mente, Ciência Cristã e pela Metafísica do Novo Pensamento.
2. Aproveitando-se dos conceitos de Mary
B. Eddy, empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo.
3. Dava ênfase aos textos bíblicos que
falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento
positivo.
4. Kenyon, que pastoreou várias igrejas
e fundou outras, não era pentecostal.
5. Ele é reconhecido hoje como o pai da
Confissão Positiva que, por sua vez, identifica-se com a Teologia da
Prosperidade e com a Palavra da Fé ou Movimento da Fé. Kenyon exerceu nítida
influência, durante a sua vida, sobre grandes nomes que se tornariam os
pregadores mais conhecidos do chamado “movimento da fé”, entre os quais se
destacam Kenneth Hagin, Tommy L. Osborn e F.F. Bosworth.
iii.
Principal divulgador da Teologia da
Prosperidade:
1. Kenneth Hagin. Se Essek William
Kenyon foi o principal idealizador da “teologia da prosperidade”, coube a
Kenneth Hagin a sua divulgação maciça por todo o mundo.
2. Em abril de 1933, teria tido uma
dramática experiência, que o levou à conversão, quando, por três vezes, teria
morrido, vendo os horrores do inferno e retornando à vida.
3. Em 1934, teria também se levantado do
“leito da morte” pela “revelação da fé na Palavra de Deus”.
4. Estudando os escritos de Kenyon,
divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à confissão
positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.
5. Com Hagin temos a configuração do
falso ensino da “palavra da fé”, conceito tão importante que é o próprio título
da principal revista do ministério criado por Hagin, num desenvolvimento das
teses apresentadas por Kenyon. Reside aqui a ideia da “confissão positiva”, ou
seja, como dizia Kenyon, “o que eu confesso, eu possuo”.
6. Essa doutrina se origina em uma
“aparição”, em uma “visão” e, o que é mais importante, quando o próprio Hagin
afirma que se encontrava aborrecido porque via os ímpios prosperarem, enquanto
os membros de sua igreja passavam por dificuldades.
7. Ele diz: “…"Eu costumava me
preocupar quando eu via pessoas não salvas obtendo resultados, mas os membros
da minha igreja não obtinham resultados.
8. Então clareou em mim o que os pecadores
estavam fazendo. Eles estavam cooperados com a lei de Deus – a lei da fé…”
(HAGIN, K. Tendo fé em sua fé, p.4,5 apud HOWARD, J).
iv.
Refutação:
1. Não devemos nos perturbar com a
prosperidade dos ímpios. Devemos confiar em Deus e saber que tudo coopera para
o bem daqueles que amam a Deus e são chamados pelo Seu decreto (Rm 8:28).
2. Se atentarmos para a prosperidade dos
ímpios, que é uma prosperidade puramente material e que finda aqui, corremos o
risco de nos desviarmos dos caminhos do Senhor, como nos ensina o salmista
Asafe (Sl 73).
3. Vemos que, infelizmente, não foi o
caminho seguido por Hagin que, excessivamente preocupado com tais
circunstâncias, acabou sendo presa fácil de uma “aparição”, que traria um falso
ensinamento para o meio do povo de Deus.
4. Aqui no Brasil, um dos segmentos
religiosos em evidência, que segue o falso ensino de Kenneth Hagin é a “Igreja
Internacional da Graça”.
2.
PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DA “TEOLOGIA
DA PROSPERIDADE”
a. Veja a seguir alguns ensinamentos de
Kenyon sobre a “teologia da prosperidade” que influenciaram os sucessores do
seu ideal, e a refutação bíblica:
i.
Um
dos principais ensinos de Kenyon é o de que “… pecado e doença são um só.
1. Eles não podem dominar a nova
criatura (…). O que Deus diz é se você é uma nova criatura, então não há
condenação para você.
2. Se não há condenação, a doença não
pode ser senhora sobre você.…”(KENYON, E.W. Jesus, o curador).
ii.
Refutação Bíblica:
1. Quando observamos as Escrituras
Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado, entre suas consequências, a
morte física (cf. Gn 3:19) e, por conseguinte, as doenças sejam resultado desta
penalidade, não é exato afirmar que a pessoa que contraia doença,
necessariamente esteja em pecado.
2. A Bíblia tem exemplos de pessoas que,
embora estivessem doentes, estavam em comunhão com Deus, como é o caso de Jó,
Eliseu (2Rs 13:14), do cego de nascença (João 9:3) e de Timóteo (1Tm 5:23).
iii.
Outro
ensino de Kenyon é de que a salvação nos livrou da pobreza e da necessidade.
1. Segundo suas palavras: “… Virá a hora
em que você saberá que a necessidade e a pobreza são coisas do passado…”.
iv.
Refutação Bíblica:
1. Quando observamos as Escrituras
Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado, entre suas consequências, a
necessidade do trabalho para a sobrevivência do homem e a penosidade deste
mesmo trabalho (Gn 3:18,19), não é menos exato de que a pobreza não significa
necessariamente que haja pecado.
2. Aliás, pelo contrário, a pobreza foi
considerada por Jesus como um obstáculo a menos para a salvação, visto que
afirmou que os ricos teriam maior dificuldade para servir ao Senhor (Mc 10:25;
Lc 18:25).
3. Na própria igreja primitiva, havia
aqueles crentes que viviam da assistência social, ou seja, da caridade pública
e nem por isso tinham deixado de ser crentes (At 6:1,2).
4. Os crentes da Judéia estavam passando
necessidade a ponto de o apóstolo Paulo fazer uma coleta em seu favor e este
fato não o impediu de serem considerados como verdadeiros e genuínos servos do
Senhor, chamados, inclusive, de santos (Rm 15:26).
5. Aliás, o mesmo Paulo testifica que
Jesus Se fez pobre (2Co 8:9), e nunca pecou (Hb 4:15).
v.
Kenyon
também ensinou que Jesus, para nos remir, não só sofreu no Calvário, morrendo
por nós, como também teve de sofrer no Hades, sede do domínio de Satanás, até
que Seus direitos fossem reclamados, quando, então, o diabo não pôde mais
detê-lo e Ele ressurgiu - ”… Veja, Jesus foi feito pecado com nosso pecado. Ele
Se tornou nosso substituto.
1. Nós morremos com Ele. Fomos
sepultados com Ele. Fomos julgados com Ele.
2. Ele foi para o lugar que nós deveriam
ter ido e lá Ele sofreu até que os clamores de justiça contra nós fossem
encontrados, até que todos os clamores fossem satisfeitos.
3. Então, a sepultura não pôde mais
detê-Lo(…).
4. O trabalho foi aceito, terminado por
Jesus quando Ele sentou à mão direita do Pai.
5. Ele não foi terminado na cruz.
6. Ele começou na cruz, mas foi
consumado quando o sangue foi aceito e Cristo assentado.…” (KENYON, E.W - A
realidade da redenção).
vi.
Refutação:
1. A morte de Jesus foi suficiente para
alcançar a nossa justificação (Rm 5:10).
2. Não se fez necessário “acerto de
contas” algum no Hades com Satanás para que Jesus obtivesse o perdão dos nossos
pecados, uma vez que a dívida que o homem tinha era com Deus e não com o diabo.
3. O pecado é desobediência contra o
Senhor, é injustiça e é um problema que diz respeito ao relacionamento entre
Deus e os homens (Is 59:2).
4. O diabo nada tem, nada representa
neste processo, sendo apenas um ser que procura matar, roubar e destruir o
homem (João 10:10), mantendo-o iludido com relação às coisas de Deus (2Co 4:4).
5. Jesus completou a Sua obra salvadora
no Calvário, como Ele mesmo disse (João 19:30), não havendo sequer um “lugar”
onde o diabo reine, como pressupôs Kenyon, até porque o Hades é o lugar dos
mortos e, pela história que Jesus nos conta do rico e de Lázaro, o diabo ali
não está (Lc 16:19-31), mas, sim, nas regiões celestiais (Ef 6:12), de onde
será tirado, junto com os seus anjos, quando chegar a Nova Jerusalém, para
receber os santos arrebatados pelo Senhor (Ap 12:7-12).
6. A morte de Jesus foi suficiente para
tirar o pecado do mundo, pois, se não fosse assim, o véu do templo não se
teria, naquele momento exato da morte do Senhor, se rasgado de alto a baixo (Mt
26:50,51).
7. A ressurreição de Jesus, além de ser
cumprimento da Palavra do Senhor, já vaticinada desde os profetas (Sl 16:8,11;
At 2:31; 1Co 15:3), é a garantia de que o Seu sacrifício foi aceito e que o
pecado do mundo foi tirado(1Co 15:14).
8. Assim também Sua ascensão aos céus,
que é a Sua glorificação, é confirmação da Palavra do Senhor (João 14:1-3) e
uma necessidade para que houvesse a dispensação da graça, a demonstração plena
do amor de Deus à humanidade (cf. Rm 9).
vii.
Divinização
do homem. Célebre é a frase de Kenyon, que depois foi repetida por Kenneth
Hagin:
1. “… Todo homem que ‘nasceu de novo’ é
uma encarnação e a Cristandade é um milagre. O crente é tão Encarnação quanto o
foi Jesus de Nazaré…”.
viii.
Refutação:
1. Percebemos, portanto, que, para
Kenyon, a salvação nos equipara ao próprio Deus, visto que passamos a ter o
Espírito Santo e, por isso, nada pode mais nos abalar, estamos praticamente
divinizados e é a isto que se denominou de “confissão positiva”, ou seja, a
salvação nos traz “direitos”, “afirmações”, “poderes” que, praticamente, nos
equipara a Deus.
2. Este tipo de pensamento justifica o
nome de “evangelho da Nova Era” que alguns estudiosos deram ao “movimento da
fé”, visto que, no fundo, utilizando-se de uma “roupagem evangélica”, chega a
mesma conclusão que o movimento Nova Era, qual seja, a de que o homem pode se
tornar deus.
3. Este pensamento, bem propício para
quem foi influenciado por ideias de que podemos “curar pela mente”, como
defendiam Quimby e Eddy, não tem qualquer respaldo bíblico.
4. A salvação não nos faz tornar
“pequenos deuses”, mas, sim, “filhos de Deus”, que não deixam, porém, de ser
homens e, por isso mesmo, submissos ao Senhor.
5. Quando alcançamos a salvação,
retomamos a imagem e semelhança de Deus originais, a posição perdida pelo
primeiro casal, que, como se vê, claramente, no livro do Gênesis, era uma
posição de absoluta subserviência a Deus, como “mordomos” da criação terrena.
6. O próprio Jesus, ao descrever a
condição humana no estado eterno, ou seja, após o desaparecimento destes céus e
terra, disse que nós seremos “como os anjos que estão nos céus’ (Mc 12:25),
descartando, assim, qualquer “igualdade” entre os redimidos e a Divindade.
ix.
Negação
do Sofrimento. Kenyon defende a ideia de que “como Deus está em nós”, passamos
a fazer parte da “divindade”, não podendo, pois, ter qualquer espécie de
sofrimento ou de dor:
1. “Nós temos nossa Redenção. Não há
coisa alguma que tenhamos de orar ou pedir…”.
x.
Refutação Bíblica.
1. A negação do sofrimento é outro
equivoco da falaciosa teologia da prosperidade.
2. Para essa “teologia”, o sofrimento
deve ser rechaçado, pois é uma indicação direta da falta de fé na Palavra de
Deus.
3. A realidade, porem, nos mostra
fragilidade desse argumento.
4. Muitos dos chamados homens de Deus,
cujas histórias encontram-se nas Escrituras, experimentaram o sofrimento e a
adversidade, e a Bíblia narra diversos desses sofrimentos (leia Hebreus cap.
11, que fala dos heróis da fé).
5. Em nenhum momento foi atribuído a
esses homens faltarem com sua fé quando passaram por agruras, nem que tais
agruras eram resultadas direto da falta de fé em Deus.
6. Veja os sofrimentos do apóstolo Paulo
exaradas em 2Co 11:22-33; apesar disso nunca demonstrou falta de fé(cf Hb 4:7).
7. Leia também 2Co 4:8-14.
3. CONSEQUÊNCIAS DA “TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE”
a.
Profissionalismo ministerial e
espiritualidade mercantil.
i.
A
primeira consequência danosa que a falaciosa “teologia da prosperidade” causa
pode ser vista nos púlpitos das igrejas.
1. Há pastores que transformam o púlpito
em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores.
2. São obreiros fraudulentos,
gananciosos, avarentos e enganadores.
3. São amantes do dinheiro e estão
embriagados pela sedução da riqueza.
4. Há pastores que mudam a mensagem para
auferir lucros.
5. Pregam prosperidade e enganam o povo
com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
ii.
Muitos
têm se aproveitado desta falsa teologia para amealharem riquezas e fazerem do
evangelho um negócio rentável e cada vez mais crescente.
1. Esta possibilidade não passou
despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já
advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de
pessoas inescrupulosas (2Pe 2:3).
2. Antes mesmo da formação da Igreja, o
profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como
objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez 34:4).
3. Eles estão mais interessados no
dinheiro das ovelhas do que na salvação delas.
4. Eles negociam o ministério,
mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.
iii.
Hoje
estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé.
1. Pastores e mais pastores estão se
desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para
criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja.
2. A igreja passa a ser uma propriedade
particular do pastor.
3. O ministério da igreja torna-se um
governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores
imediatos.
4. Não duvidamos de que Deus chame
alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada
no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras
preocupante.
b.
Narcisismo e hedonismo.
i.
A
“teologia da prosperidade” tem gerado inúmeros cristãos narcisistas, isto é,
pessoas que só pensam em si e nunca nos outros; são pessoas egoístas.
1. Paulo nos instrui a nos resguardar
contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme que podem levar à
dissensão – “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual
também para o que é dos outros”(Fp 2:4).
2. Portanto, mostrar um interesse
genuíno pelos outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre
os crentes.
ii.
Outra
consequência maligna que a “teologia da prosperidade” tem gerado nos corações
daqueles que cristãos dizem ser é o hedonismo, isto é, a busca exacerbada e
incessante pelo prazer.
iii.
O
envolvimento com as coisas deste mundo, a busca incessante pelo prazer, que
tanto caracteriza o mundo hodierno, é uma das coisas que faz com que se
despreze a busca de um tempo dedicado a Deus.
1. Nestes últimos dias, em que há homens
“mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2Tm 3:4), é natural que “não
se tenha tempo para Deus”.
iv.
A
Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial
para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive as
pessoas que não receberam Cristo como Salvador; se tiver motivos para
justificar o convite para que as pessoas que estão lá fora venham para o nosso
meio e vivam como nós vivemos.
1. Mas, se convidarmos, e elas vierem, e
aqui descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder, como existe
lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e trapaças, os
mesmos sentimentos de vaidade, de orgulho e de egoísmo, então, elas não terão
motivos para desejarem ficar conosco.
c.
Modismos e perdas de ideais.
i.
Diversos
modismos têm surgido nas igrejas que propagam a teologia da prosperidade.
1. Dentre as inúmeras cito, como
exemplo, a “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua
família”.
2. Nestas chamadas “purificações” são
utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”,
“óleo de Israel”, “água do rio Jordão” e tantas outras coisas que nos fazem
lembrar as “relíquias” da Igreja Romana, que tantos absurdos e crendices
causaram na cristandade, tendo sido vigorosos instrumentos para a campanha
anti-religiosa que tomou conta da Europa a partir do século XIX e que é a
principal responsável pelo atual nível de indiferentismo religioso que vive
aquele continente.
ii.
Queridos
irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria.
1. Como pode um servo de Deus, lavado e
remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos
malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do
rio Jordão?
2. Qual a diferença deste proceder com
aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros
conhecidos amuletos e talismãs?
3. Evidentemente que é nenhuma!
iii.
As
pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os
incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que
aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e
não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e
supersticioso evangelho.
1. Tudo isto é resultado da ignorância
espiritual.
iv.
Outra
consequência terrível da falaciosa teologia da prosperidade é a perda dos
ideais cristãos.
1. Muitos cristãos estão preocupados
somente com as coisas materiais, com o aqui e o agora, e estão esquecendo que o
objetivo precípuo da nossa jornada é morar no Céu(cf João 14:1-3).
2. Infelizmente, boa parte da igreja
evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, quando
demonstra privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o “ter” e não seu
lado atemporal ou eterno – o “ser”(1Ts 4:17; 1Co 16:22).
3. Encontramos no Novo Testamento certo
homem preocupado mais em “ter” do que “ser”(Lc 12:2-5).
4. Ele queria, por exemplo, ter muitos
bens materiais, mas, por outro lado, não demonstrou nenhuma preocupação em ser
alguém zeloso com as coisas espirituais (Lc 12:21).
5. O apóstolo Paulo foi claríssimo ao
afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os
mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19).
6. É esta a triste situação espiritual
dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a
“prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos
escravos da ganância (2Pe 2:3). Isso é lamentável!
- Diante do que foi exposto, cabe a nós refletir sobre o verdadeiro sentido da prosperidade dentro dos padrões divinos.
- A doutrina da prosperidade, no Novo Testamento, não está fundamentada na posse de riquezas. Jesus dessacralizou o conceito de prosperidade que, anteriormente, se pautava nos bens materiais.
- A prosperidade verdadeira resulta de uma vida cristã equilibrada, equilibrada pelo contentamento.
- É claro que precisamos trabalhar “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1Tm 2.2).
- Isso, no entanto, não deve nos escravizar, colocando-nos à mercê das teias do consumismo, que nos leva a acreditar que não somos felizes se não tivermos um uma mansão luxuosa, um carro importando ou um celular de última geração.
- A verdadeira prosperidade é Cristo, nEle repousa toda as riquezas de Deus (Ef 2:7).
- Com Ele, temos razões para estarmos sempre contentes, trabalhando sempre, com respeito e dignidade (Ef 4:28; 1Ts 2:9; 2Ts 3:8), mas confiando nEle que nos supre do que temos real necessidade (Mt 6:33). Pense nisso!
Referências Bibliográficas:
- William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).
- Bíblia de Estudo Pentecostal.
- Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
- Revista Ensinador Cristão – nº 49.
- O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
- Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
- Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
- Caramuru Afonso Francisco - A promessa da verdadeira Prosperidade
Fonte: Luciano de Paula Lourenço
Disponível em: http://luloure.blogspot.com
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